Lindas e tristes palavras escritas por um anjo de patas... super dignas de reflexão.
#emocionante ♥
Quando era um filhote, eu o
distraia com minhas travessuras e o fazia rir.
Você me chamava de sua criança e,
apesar de um certo número de sapatos mascados e um par de almofadas destruídas,
eu me tornei sua melhor amiga.
Sempre que eu fazia algo errado,
você chacoalhava seu dedo para mim e dizia: "Como você pôde" - mas
depois você se arrependia e me rolava no chão para me coçar a barriga.
Meu treinamento demorou um pouco
mais do que o esperado porque você estava ocupado demais, mas, juntos, nós
conseguimos dar um jeito...
Eu me lembro daquelas noites em
que me aninhava a você na cama e ouvia suas confidências e sonhos secretos - e
acreditava que a vida não poderia ser mais perfeita.
A gente fazia longos passeios e
corridas no parque, andava de carro, e parava para um sorvete (eu ganhava só a
casquinha porque "sorvete não faz bem para cães" você dizia) e eu
tirava longos cochilos ao sol enquanto aguardava sua volta para casa ao final
do dia.
Aos poucos você passou a gastar
mais tempo no trabalho e com sua carreira e levava mais tempo procurando por
uma companheira humana.
Eu esperei por você
pacientemente, confortei-o em suas mágoas e desilusões, nunca o repreendi por
suas escolhas ruins, e vibrei de alegria nas suas vindas para casa e quando
você se apaixonou...
Ela, agora sua esposa, não é uma
"apreciadora de cães" - ainda assim eu a recebi em nossa casa, tentei
mostrar-lhe afeição, e a obedeci. Sentia-me feliz porque você estava feliz.
Então vieram os bebês humanos e
eu reparti com você o entusiasmo. Eu estava fascinada por seus tons rosados,
seu cheiro, e queria muito cuidar deles também. Mas ela e você tinham medo de
que eu pudesse machucá-los, e eu passei a maior parte do tempo sendo banida
para outra sala, ou para a casinha de cachorro..
Oh, como eu queria tê-los amado,
mas eu me tornei uma "prisioneira do amor."
À medida que foram crescendo, me
tornei amiga deles. Eles se agarravam ao meu pêlo e se levantavam sobre
perninhas trôpegas, enfiavam os dedos em meus olhos, examinavam minhas orelhas,
e davam beijos em meu nariz. Eu adorava tudo isso, e o toque de suas mãozinhas
- porque o seu toque agora era tão raro - e eu os teria defendido com minha
própria vida, se fosse preciso.
Eu me esgueirava para suas camas
e escutava suas inquietações e sonhos secretos, e juntos esperávamos pelo
barulho de seu carro no caminho.
Houve um tempo, quando alguém
perguntava se você tinha cachorro, em que você tirava uma foto minha de sua
carteira e contava histórias sobre mim. Nos últimos anos você apenas respondia
"sim" e mudava de assunto.
Eu passei de "seu cão"
para "apenas um cachorro" e você reclamava de cada gasto que tinha
comigo.
Agora você tem uma nova
oportunidade de carreira em outra cidade , e vocês irão se mudar para um
apartamento onde não permitem animais. Você tomou a decisão acertada para sua
"família", mas houve um tempo em que eu era sua única família.
Fiquei excitada com o passeio de
carro até que chegamos ao abrigo de animais. O local tinha cheiro de gatos e
cães, de medo, de desesperança. Você preencheu a papelada e disse "Sei que
vocês encontrarão um bom lar para ela"... Eles deram de ombros e lançaram
a você um olhar compadecido. Eles compreendem a realidade que espera um cão de
meia idade, mesmo um com "papéis".
Você teve que desgarrar os dedos
de seu filho de minha coleira enquanto ele gritava "Não, papai! Por favor,
não deixe que levem meu cão!". E eu me preocupei por ele, e com a lição
que você tinha acabado de lhe dar sobre amizade e lealdade, sobre amor e
responsabilidade, e sobre respeito por todo tipo de vida.
Você deu um afago de adeus em
minha cabeça, evitou meu olhar e, polidamente, recusou levar minha coleira e
guia com você. Você tinha um tempo-limite para encarar e agora eu também tenho
um.
Depois que você partiu as duas
simpáticas senhoras que o atenderam comentaram que você provavelmente soube
meses atrás da mudança que ocorreria e não fez nenhuma tentativa de encontrar
um novo lar para mim.
Elas sacudiram a cabeça e
disseram "Como você pôde?".
Elas são tão atenciosas para nós
aqui no abrigo quanto seus ocupados horários permitem. Elas nos alimentam, é
claro, mas eu perdi meu apetite dias atrás. De início, sempre que alguém
passava pelo meu alojamento, eu corria para a frente, na esperança de que fosse
você - que você tivesse mudado de idéia - que isto fosse tudo um sonho mau....
ou eu esperava que ao menos fosse alguém que se importasse, alguém que pudesse
me salvar.
Quando percebi que não poderia
competir com os alegres filhotes, inconscientes de seus próprios destinos, nas
brincadeiras para chamar atenção, afastei-me para um canto distante, e
aguardei.
Ouvi seus passos quando ela veio
até mim ao final do dia, e a segui ao longo do corredor para uma sala separada.
Uma sala deliciosamente silenciosa. Ela me colocou sobre a mesa, acariciou
minhas orelhas, e disse-me para eu não me preocupar. Meu coração se acelerou na
expectativa do que estava para vir, mas havia também uma sensação de alívio. A
prisioneira do amor havia esgotado seus dias.
Como é de minha natureza, estava
mais preocupada com ela. O fardo que ela carrega é demasiado pesado, e eu sei
disso, da mesma maneira que conhecia cada um de seus humores. Ela gentilmente
colocou um torniquete em volta de minha perna dianteira, enquanto uma lágrima
corria por sua face. Lambi sua mão do mesmo modo como costumava fazer para
confortar você há tantos anos.
Ela habilmente espetou a agulha
hipodérmica em minha veia. Quando senti a picada e o líquido frio se espalhou
através de meu corpo, deitei a cabeça sonolenta, olhei dentro de seus olhos
gentis e murmurei "Como você pôde?".
Talvez por ter entendido meu
linguajar canino, ela disse "Sinto tanto!", abraçou-me e
apressadamente explicou que era seu trabalho fazer com que eu fosse para um
lugar melhor onde não seria ignorada, ou maltratada ou abandonada, nem ter que
me virar para sobreviver - um lugar de amor e luz, tão diferente deste lugar
terrestre.
E com minha última gota de
energia tentei transmitir -lhe com uma sacudidela de minha cauda que meu
"Como você pôde?" não era dirigido a ela.
Era em você, Meu Amado Dono, que
eu estava pensando. Pensarei em você e esperarei por você eternamente.
Possa alguém em sua vida
continuar a demonstrar-lhe tanta lealdade.
(Autor Desconhecido)
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